27 de junho de 2011

Hangiofóbia e auto-promoção - Por Sandro de Jucá






Hoje Vi esse Recado que me foi enviado pelo Orkut por meu Irmão Sandro de
Jucá do Quilombo Cultural Malunguinho, realmente um verdadeiro absurdo o que
fiquei sabendo... quanto mais podermos falar sobre isso ou realmente agir será
melhor...

Atenção
juremeiros e juremeiras de todo Brasíl, estive sábado último (25 de
JUNHO) com uma equipe de pesquisadores no municipio de Alhandra Paraíba
nas terras do acaís onde me deparei com um total abandono, a capela onde
fica o túmulo do mestre Flosculo Guimarães está sendo destrúida por
cupins e toda área em volta cheia de lixo e muita erosão,será que o
estado da Paraíba na pessoa de seu governador Ricardo Coutinho ainda não
acordou para o valor que existe dentro do seu estado ? cadê tambêm os
juremeiros e juremeiras da Paraíba que não questionam o governo para
essa valorização ? será que o iphan não está vendo isso ? se já não
bastasse a barraca das sete portas referência em muitos cânticos dos
mestres e mestras da jurema está sendo gerênciada por um grupo de
evangélicos, o que é isso gente ? mesmo me tratando com urbanidade o
atendente da barraca me falou que não conversa sobre jurema nem sobre á
história daquele lugar apesar de questionado por alguns turistas que
visitam a área nada sabe dizer e agora por diante "quem comanda aqui é
jesus" será que é necessário nós do Quilombo Cultural Malunguinho irmos
mais uma vêz lutar pelo acaís ? cadê os que se intitulam Guardiões
zeladores da Jurema no acaís ? sempre nas minhas falas no acaís
destaquei á valorização de forma colétiva da Jurema e não o brilhantismo
que se avinzinhava,por observar em alguns um certo destaque maior pra
pessoas que pela causa,os indios aratanguis devem está envergonhados com
essa situação ,pessoas que usam essa verdadeira cultura viva como mote
para suas promoções pessoais, eu sou um dos cordenadores religioso do
Quilombo Cultural Malunguinho e nunca ganhei dinheiro com isso ,ao
contrário gasto por muitas vêzes em ,transportes,alimentação,divulgação
em eventos propósitivos para nossa Jurema,inclusive deixo até de cuidar
de minha vida privada para participar de coisas relativas á Jurema, como
muitos da nossa equipe tambêm o fazem,achei pertinente durante todas as
filmagens que foi feita pela equipe vinda de São paulo destacar a forma
que o estado trata nossa cultura religiosa e que não atenta para esses
espaços como atrátivo turistico, O Quilombo Cultural Malunguinho não
concorda com esse abandono e questiona tambêm esses Braváteiros de
plantão que usam nossa liturgia para suas promoções pessoais, e por
enquanto se deblateram os bravateiros o Acaís se acaba .

Sandro de Jucá

14 de junho de 2011

Respondendo algumas perguntas


Bom com eu tenho o meu Orkut Danilo MalungO, a um tempo eu venho notando a frequência em que tenho recibo perguntas sobre o culto ao catimbó – Jurema, perguntas essas que quando sei responder e tenho a permissão pra responder, eu respondo com todo o prazer, porque um dia eu já tive dúvidas e também já tive minhas perguntas pra fazer e sei o quanto é difícil pra você poder tirar aquela dúvida ou curiosidade que está em sua cabeça. Então com isso eu decidi responder algumas das perguntas e dúvidas mais frequentes que recebo em meu Orkut Danilo MalungO. Mãos a Obra?!

Por que Catimbó? E porquê só se conhece por Jurema sagrada?

Como quase tudo dentro do Catimbó/Jurema o seu nome também tem sua origem e raízes dentro da cultura indígena, vários são os significados para a palavra Catimbó, alguns falam que significa, CAA=floresta TIMBÓ=torpor que se assemelha a morte. Desta forma, catimbó seria a floresta que conduz ao torpor, numa clara referência ao estado de transe ocasionado pela ingestão do vinho de jurema, em sua diversidade de ervas. Outras teorias, porém, relacionam o vocábulo com a expressão CAT=fogo, e IMBÓ=árvore, neste mesmo idioma. Assim, fogo na árvore ou árvore que queima relataria a sensação de queimor momentâneo que o consumo da Jurema ocasiona. Outros ainda dizem que o nome vem do CAA=Fumaça e TIMBÓ=Cachimbo, que se chega a uma conclusão de que o Catimbó tem como fonte de maior poder a fumaça. Nenhum destes estudos estão equivocados ou errados, o Catimbó é assim mesmo, com vários significados e só será entendido se for vivido com amor, repeito e pureza no coração.
Os antigos contam que antigamente o culto do CATIMBÓ era proibido e se algum Catimbozeiro (como eramos chamados) fosse pego fazendo seu culto seria preso. E como já relatei isso em outras postagens, os cultos começaram a ser feitos dentro das matas no periodo da noite e no máximo de silêncio possivel. E com essa repressão o termo Catimbó foi tido como um culto em que as pessoas cultuavam demônios, e que acabavam com a vida dos outros por meio de agouros e feitiçarias, um verdadeiro equivoco que veio a impulsionar os Catimbozeiros a mudar o nome do culto Para JUREMA, já que o culto estava basicamente voltado a essa planta, o Catimbó ganhou um novo nome: JUREMA SAGRADA.


Qual o significado dos copos e taças (princípes) com água que são colocados perto dos assentamentos das entidades?

Bom, essa é uma que poucos me perguntam, porem acho muito interessante vcs ficarem sabendo. A água é uma fonte da vida, ela é quem ajuda o solo a ficar fértil, ela é maior parte em nosso planeta, nosso corpo contém uma grande quantidade de água, ou seja, a água é um meio de vida e acreditamos que os copos com água nas mesas de jurema e nos assentamentos das entidades venha a funcionar com um portal, um elo entre o nosso mundo e as cidades da jurema, é pela água que entramos em contato do nosso mundo com as cidades e reinos exitentes no mundo da Jurema.

Outra pergunta que é muito parecida com a anterior é a do tronco de Jurema... Qual seria sua função dentro do culto, nos assentamentos das entidades e qual seu significado?

Assim como os princípes o tronco de Jurema é de bastante importancia dentro de um assentamento, até porque quando se fala em assentar uma entidade de Jurema a primeira coisa que se diz necessário é o tronco de Jurema, ele pode variar de tamanhos (que normalmente tem um tamanho minimo de 20 cm) e de quantidade de saídas (isso depende de quantas cidades o mestre ou outra entidade trabalhe). O tronco vem pra fazer um elo, entre o nosso mundo e o mundo da Jurema assim como a água nos principes.
Jurema é uma árvore nativa do nordeste e da caatinga nordestina, diz a lenda que essa árvore é sagrada porque nela a virgem Maria teria escondido o menino Jesus durante a fuga da sagrada famíla para o Egito. A bebida é feita da casca da jurema, vinho ou pinga os outros ingredientes são gradados pelos mais velhos com muito zelo.



Os trabalhos da Jurema Todo mundo quer saber, é como
casa de abelha que se trabalha sem ningém ver

(ponto de Jurema)



P.S. assis que eu tiver mais tempo eu posto mais pergunats e respostas... quem tiver alguma pergunta pode deixar aí que eu vou ver e se eu puder responder eu responderei tbm...




Que Deus, a Jurema Sagrada e os Nossos Antepassados te abençoe Sempre!!!

3 de junho de 2011

Jurema da Raiz do Acais

Igreja de São João Batista


Com origem no Litoral da Paraíba, Rio grande do norte e o sertão de Pernambuco o Catimbó atualmente conhecido como Jurema Sagrada, teve seu fundamento em tempos imemoriais. Até mesmo antes da colonização já se existia dentro da religiosidade dos índios nativos o culto a uma árvore com propriedades psicoativas, fazendo partes de diversos ritos de comunicação com os antepassados e encantados de suas tribos através do transe. Uma forma de identificação deste culto é o Toré de caboclo.
De acordo com estudos, em Alhandra/PB existiram duas tribos indígenas. Os Tabajaras e os Potiguares, que por sua vez sofreram o processo de colonização através da catequização em suas tribos. Os povos Tabajaras se mostraram mais receptíveis à cultura europeia, já os Potiguares eram menos receptíveis e talvez isso explique, em partes, que ainda se encontre aldeias de Potiguares, enquanto os Tabajaras desapareceram sem deixar muitos vestígios.
Mesmo com a socialização e a catequização colonial em tribos indígenas existentes na cidade de Alhandra, os índios não deixaram de realizar seus cultos e costumes dentro da Jurema, mesmo sendo cristãos batizados pela igreja católica eles continuavam com as suas práticas religiosas.

Juremeiros em Alhandra na terras do Acais

Alhandra sempre despertou a atenção de muitos curiosos pelo seu misticismo e magia, atraídos pelos famosos ‘Mestres de Jurema’ muitas pessoas visitavam Alhandra buscando a realização de seus objetivos e males da vida. Mas com a repressão e a perseguição de policiais sob os ‘Mestres de Jurema’, fez com que os rituais fossem realizados as escondidas dentro de matas fechadas distante da cidade somente ao som dos maracás e com o canto entoado em voz baixa. Com isso ocasionou a perca de muitos fundamentos e costumes primórdios da Jurema, pode se dizer que até mesmo ensinamentos dentro do culto foram perdidos e não foram passados pelos mestres antigos por medo de terem seus herdeiros presos ou mortos por estarem cultuando a Jurema, tendo assim um distanciamento da crença deixada pelos índios. Conta-se que os Catimbozeiros como eram chamados os ‘Mestres de Jurema’ não tinham o direito de serem enterrados nos cemitérios da cidade, fazendo com que os corpos fossem enterrados dentro da mata onde se plantava um pé de Jurema pra marcar o local do sepultamento, neste mesmo local eram enterrados todos os seguidores do mestre que ali foi sepultado, colaborando no surgimento das chamadas “cidades da Jurema”, tais como: Cidade de Mestre Manoel Cadete, Cidade de Rosalina, Cidade de Maria do Acais, Cidade do mestre Adauto, Cidade do rei Heron, cidade dos Encantos (Tambaba) e Cidade das Águas Claras.

Tumulo de Mestre Flósculo que fica por no terreno atras da igrejinha da cidade

A cidade da Jurema mais conhecida é a do Acais, tendo como base a família dos Guimarães descendentes da ‘Mestre de Jurema’ Maria do Acais, uma respeitável senhora que exerceu a prática de vidente e conselheira de milhares de pessoas que assim a procuravam em busca de melhora para seus males da alma e do corpo. Nas práticas de Mãe Maria do Acais incluíam-se a ingestão do vinho da Jurema. De acordo com estudos feitos e com as histórias contadas pelos antigos da cidade, tudo teria começado com a índia Maria Gonçalves de Barros, conhecida por Maria Índia, na qual teria recebido das mãos do Imperador Dom Pedro II as terras do Acais, onde se fez moradia, e também a primeira casa de culto à Jurema onde teria dado inicio, então, ao uso da Jurema para curar os mais variados males. Como Maria Índia não teve filhos ela teve de deixar seus ensinamentos para sua sobrinha, Maria Eugênia Gonçalves Guimarães, que logo ficou famosa como ‘Mestre’ Maria do Acais. Que por consequentemente após sua morte deixou de herança seus ensinamentos ao filho, Flósculo Gonçalves Guimarães que deu continuidade ao culto sendo conhecido por ‘Mestre’ Flósculo.