26 de julho de 2011

Cuidando das Entidades da Jurema Sagrada.

( V Kipupa Malunguinho 2010, foto de Pedro Stoekcli Pires)

Muitas pessoas me procuram para tirar dúvidas sobre suas entidades de Jurema, a respeito de Nome, História de vida, modo de trabalho, para perguntar com cuidar, sobre os gostos e manias de certas entidades.

Então decidi escrever algo referente a isso, até por que eu já passei e já tive minhas dúvidas e incertezas a respeito das minhas entidades. O primeiro contato entre o médium e uma entidade varia muito, são muitas e inumeráveis situações que podem vir a acontecer, normalmente acontecem através da incorporação onde o médium em um Barracão de Jurema ou até mesmo dentro de sua própria residência, as entidades incorporam no filho e deixam seus recados seja qual for, e por vezes também deixa um nome conhecido ou desconhecido e tem casos que nem o próprio nome eles dizem. Isso é normal não é um caso de desespero, muitos se desesperam por conta disso, porque a entidade não fala, porque a entidade não disse o nome, ou porque a entidade não canta, não fuma, não bebe entre outras dúvidas. Um caso fácil de ser resolvido. Essa obrigação fica a cargo do Juremeiro ou Juremeira, é deles e unicamente deles a missão de conversar, entender, perguntar, catar fundamentos e por muitas vezes até ensinar como a entidade deve se comportar dentro do barracão.

Um bom conselho que eu dou a quem está passando por isso, é entrar em sintonia com a entidade. Poxa Danilo você falou pra eu entrar em sintonia com a minha entidade, como eu faço isso?! Simples, você pode tomar um banho daqueles que te deixa bem harmonizado e leve, um banho normal sabe?! Ou pode ser também um banho com ervas de cheiro e depois disso se ajoelhe, acenda uma vela na intenção da entidade ou corrente (caso você não saiba o nome) e peça pra essa entidade que trabalha com você que te mostre e revele se assim for de seu merecimento as dúvidas que você tem referente a ela. Lembro sempre que nossas entidades devem ser tratadas com muito respeito e que não somos nós quem a comandamos, nós apenas trabalhamos em conjunto com elas, então sempre deve haver o respeito entre o filho com a entidade para que a entidade tenha com o filho.

A internet está aí, um dos melhores meios de comunicação que o homem inventou até hoje, mas tome muito cuidado porque ela também pode trazer alguns problemas. Eu vejo por aí muitas informações sobre Jurema que são dadas erroneamente e que se forem seguidas podem vir a prejudicar. Uma delas eu vi essa semana, um amigo meu me mandou um link de um site, que o vem ensinando um ritual para que a pessoa descubra o seu Exu guardião, um ritual muito perigoso e desaconselhável. Nossas entidades elas vem até nós sem precisar realizar nenhum ritual, elas sabem que existimos e no momento certo elas iram aparecer. Vejo também muitos sites, comunidades no Orkut ou blog’s que contam a história de algumas entidades da Jurema, não digo que as histórias sejam mentira, mais pode ser que a história daquela referida entidade não seja a história da entidade que trabalha com você em sua corrente, é necessário saber que cada entidade de Jurema vai saber dá seu positivo no tempo certo e não é preciso que nós como médiuns fiquemos correndo atrás de fundamentos que somente a própria entidade pode dar.

Cada entidade sabe o momento derto de aperecer na vida do filho, elas sabem a quem vai escolher para Juremeiro, elas sabem o momento que já podem dizer seu nome, elas sabem cantar seu ponto e vão cantar no momento que elas acharem que devem, elas vão contar onde elas nasceram, viveram e morrerão, elas vão saber passar seus trabalhos sem precisar que o filho saiba.

"Jurema é Ciência Nobre" assim já diz o ponto, dê tempo e confiança nela que as coisas vão começar a fluir melhor na sua vida espiritual junto com a Jurema Sagrada. "Terra Alheia, Pisa no chão Devagar" outro ponto que também resume tudo isso que eu disse, tenha calma que tudo será desvendado.

As entidades só querem uma coisa do filho, Fé.

24 de julho de 2011

Será que o Catimbó Jurema sagrada está perdendo seus antigos costumes?

Sou do Mestre Malunguinho, mestre esse que desde a sua 1ª incorporação aos meus 15 anos, me fez entrar em profunda pesquisa e estudos sobre a história e os fundamentos do Catimbó Jurema. E com isso estou aqui hoje nestas linhas querendo explicar um pouco de tudo o que eu aprendi e ainda estou aprendendo tanto com os Artigos de Livros e/ou até mesmo de internet, com as histórias de antigos Juremeiros, amigos Juremeiros e com as próprias entidades que trabalham dentro da Jurema Sagrada.

Bom, começar a Falar do Catimbó Jurema é um tanto quanto complexo, não pelo fato de ser um difícil entendimento, porque não é, o caso é que assim como qualquer outra religião o entendimento só pode acontecer com a prática, o convívio e muito estudo sobre as mesma. A Jurema Tem por princípios na Cultura Indígena, foram os índios que começaram a cultuar a Natureza e aos seus ancestrais aqui no Brasil, e com a chegada dos europeus os índios foram obrigados a se converter ao cristianismo e esquecer os antigos costumes que eles tinham dentro de suas tribos, mas não esqueceram tais costumes por completo, continuaram reverenciando a natureza e aos seus ancestrais só que com a presença dos santos e alguns dogmas da igreja católica, daí foi onde se pode falar que o Catimbó Jurema Surgiu, com a mistura de cultos e costumes de outros povos.

A Jurema Sagrada que antes era conhecida pelo Termo Catimbó (por sinal até já postei algo sobre esse assunto), ela teve seu surgimento principalmente no Nordeste entre o Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e com menos influencia entre os outros estados do nordeste e das regiões brasileiras. Ela vem sofrendo mudanças desde a colonização do Brasil, mudanças essas que por boa parte só aconteceram para acrescentar, como é o caso de algumas vezes seus rituais e liturgias parecerem com o de outros cultos, tais como o Candomblé, a magia Europeia, o cristianismo e entre outras, misturado aos costumes religiosos indígenas. Só que infelizmente estou vendo mudanças acontecerem dentro da jurema sagrada que não estão acrescentando, e sim fazendo com que ela vá desaparecendo, e aquela jurema antiga com tantos mistérios fique no esquecimento e em histórias que os antigos nos contam. Umas das mudanças é o modo de trabalho das entidades, hoje em dia vejo que muitos mestres, mestras e caboclos estão perdendo seus costumes de trabalho e estão com um novo modo de trabalho totalmente controverso ao do antigo Catimbó Jurema, tais como a sofisticação de roupas, o uso demasiado do palavrão, o esquecimento de ritos necessários, entre outras coisas que vejo.

Infelizmente essa é uma realidade que vejo dentro da Jurema, e cada vez mais pessoas dizem ser juremeiros e quando se pergunta algo básico dentro da jurema não sabe responder e ainda tem a cara de pau de dizer que o juremeiro dele que ensinou assim, só peço que todos os Juremeiros e pessoas que tem o interesse de trabalhar dentro da jurema sagrada faça isso com muito respeito e cuidado para que essa ciência não caia no esquecimento e passe a ser um folclore. De nada adianta fazer um toque de jurema, uma consagração, uma obrigação na jurema e não sentir a Jurema Sagrada dentro de si...


4 de julho de 2011

MALUNGUINHO: Rei do Quilombo do Catucá



Líder quilombola mais temido em Pernambuco nas primeiras décadas do século 19, o negro Malunguinho é dono de uma história singular, porém praticamente anônima. Basta dizer que o Conselho de Governo, principal órgão consultivo da província e que deu origem à Assembléia Legislativa, gastou uma reunião inteira discutindo um possível ataque dos escravos refugiados na Floresta do CATUCÁ (Mata Norte, entre Recife e Goiana) ao Recife. A suposta invasão aconteceria em 1827, comandada por Malunguinho.

Mestre João, que entrou para a historia conhecido como Mestre Malunguinho (de "MALUNGO"- "companheiro de viagem") , viveu em Pernambuco na primeira metade do século XIX, quando foi chefe (Rei) do quilombo do CATUCA´. Como "irmão do quilombo" foi libertador de muitos de seus irmãos que viviam no cativeiro das senzalas. Era temido por todos os senhores brancos e dizia a lenda que ele tinha uma chave mágica que abria todas as correntes, todas as senzalas.

Era respeitado por seu povo como rei de enorme sabedoria, herói, guerreiro e libertador...Não haviam caminhos fechados para MALUNGUINHO...Grande rei e sacerdote do povo BANTU.

A tradição do TOREH nos conta que quando o exercito invadiu o quilombo do CATUCÁ, Malunguinho foi ferido, mas não foi capturado. Foi abrigado, quase a beira da morte, pelos índios, os quais curaram seus ferimentos, e entre os quais ele passou a viver por muitos anos. Foi nesse período que Mestre João – Malunguinho teve seu reencontro com a JUREMA SAGRADA, assumindo a missão que lhe estava reservada, pela Força Superior, no ADJUNTO DA JUREMA, foi reconhecido em seu tempo como o maior entre todos os JUREMEIROS, cumpriu honrosamente sua missão de MESTRE e LIBERTADOR, não só libertador dos negros escravos presos nas senzalas mas sobretudo um LIBERTADOR DE ESPIRITOS , espíritos aprisionados ate´ então no cativeiro espiritual da ignorância e da ilusão; libertou muitos cativos, com a chave mágica do AJUCA, voltando-os em direção a LUZ para seguirem firmes dentro do caminho da JUREMAÇAO. Para cumprir esta missão MESTRE JOÃO (MESTRE MALUNGUINHO) recebeu, uma vez mais, sob a ACACIA JUREMA, a posse da Chave dos Mistérios, e com ela conduziu exemplarmente seus discípulos dentro da JUREMA, como MESTRE-GUIA, restaurando a pureza do culto, o qual estava bastante ressentido da falta de um verdadeiro MESTRE ENCARNADO naquele tempo.

MALUNGUINHO não é, simplesmente como muitos pensam, "o exu da jurema", na verdade MALUNGUINHO, MESTRE JOAO, o "REI DAS MATAS”, e uma manifestação do espírito de CARIDA, é o MESTRE-GUIA, o guardião, o que tem a Chave-Mestra da JUREMA, a qual recebeu de TOREH "JERUBARI" como um poder de realizar a Sua obra na Terra.

Com MALUNGUINHO, a luz capital do ADJUNTO DA JUREMA, a qual havia se ocultado no oriente, firmou-se fortemente desde o seu caminho de volta ao ocidente, pelo caminho do SOL. A trajetória de Malunguinho em muitos pontos identifica-se de forma misteriosa , `a trajetória de outros destacamentos emissários da luz da Acácia no Oriente....como, por exemplo, MOISES, o qual também levou a cabo a missão de reunir o seu povo disperso, livrando-o do cativeiro e da escravidão, para levá-los novamente ao caminho da Luz.

Aqueles que já tiverem lido cuidadosamente a Bíblia, ou a TORAH, devem se recordar que o grande SENHOR do Universo apresentou-se a MOISES numa ACACIA, numa JUREMA, o que não é, nem nunca foi uma simples coincidência; Interessante notar que muitos dos ensinamentos de MOISES com relação ao Culto da ACÁCIA passaram aos nativos da África, especialmente aos BANTOS, antepassados de Malunguinho, através de JETRO, sogro de Moises, e grande iniciado nos Mistérios da ACÁCIA.

Nos documentos da polícia não há registro da morte ou captura de Malunguinho. O quilombo foi dizimado por volta de 1830.

1 de julho de 2011

Casas de Axé


Com a convivência dentro de Casas de Axé eu percebi que existem muitos conflitos entre Seus zeladores, é algo que infelizmente realmente existe. E ao meu ponto de vista isso estraga com muitas casas. Eu gostaria de saber ou entender o que um Zelador(a) ganha com isso?! Em que ele vai se beneficiar em prejudicar outras pessoas que também são do Axé?! Será que eles gostam de ficar brincando de jogar feitiços um para o outro?! E por que prejudicar uma festa de outro terreiro por causa do zelador ou do filho que está dando a festa?! Isso não seria uma falta de respeito com as entidades q assim eles também acreditam e cultuam?!

Nós temos que parar pra ver que a Jurema e a Nação estão se acabando aos poucos por causa dos próprios dirigentes e os filhos das casas que estão entrando na religião por pura Vaidade. E querem ser o melhor do que os demais irmãos de fé, eu acredito que ninguém é melhor do que ninguém, cada um tem o seu próprio axé, cada um recebe aquilo que lhe é de merecimento, Deus dá o cobertor de acordo com o frio.

Para se trabalhar dentro da Jurema, Candomblé, Umbanda ou outras religiões de matriz africana é necessário entender do que se trata o culto no qual você faz parte, procurar saber das suas origens, ver como é o seu modo de trabalho, ver as regras que você terá de cumprir, seus deveres dentro do culto, seus direitos, ver as responsabilidades que você pode vir a ter. Os zeladores não deveriam sair por aí fazendo outras pessoas a torto e a direita, ocasionando a existência de futuros Zeladores que não tiveram os fundamentos ensinados e não seguem os preceitos que são necessários cumprir, sem saber se realmente é de necessidade uma pessoa vir a ter uma obrigação feita.

Na nossa religião, outra coisa que também tem me deixado muito triste é saber que existe muitas casas que os zeladores faz da religião um modo de vida... Tudo bem eu aceito que Exu não trabalha de Graça e nem nós iremos dedicar nosso tempo a uma certa obrigação dentro do barracão e não vamos ganhar nada... eu acredito que sim. Sabe por que?! Porque quando fazemos nossas obrigações a nossa carteira de trabalho não é assinada e as entidades não assinam um contrato de pagamento por serviço prestado a eles... Nós entramos na religião por Amor... Pelo menos foi assim como eu entrei, Por Amor.

Quando entramos numa casa de Axé nós começamos a acreditar que todos os nossos problemas serão resolvidos e que nós seremos superior a tudo e a todos, pensamos que é só fazer um trabalho que tudo se resolve. Eu já pensei assim um dia e sabe o que aconteceu?! Eu me estrepei, a vida dentro do axé não é assim um mar de rosas não, nossas entidades não podem fazer tudo o que pedimos sempre, porque se elas começarem a deixar o nosso caminho sem problemas ou crises como vamos aprender a viver?! Como é que vamos tirar os nossos ensinamentos que aprendemos durante a vida?! É assim que eles nos ensinam.

Essas são algumas coisas que existe dentro das casas de axé que me preocupa e tenho certeza que também preocupa outras pessoas... Peço A Deus, Meu Santo e as entidades da Jurema todos os dias que Olhem pelos Zeladores de Casas de Axé pra que eles sejam guiados no caminho certo da Ciência que assim é cultuada dentro de Cada Barracão...

Axé Irmão... Espero que você Reflita e tente Mudar essa situação como eu também estou tentando.

Danilo MalungO