22 de agosto de 2011

Velhos Tempos da Jurema - Por Juremeira Mãe Joana

Inicio esse texto pedindo abenção aos mais velhos e rogando a Jurema Sagrada que abençoe aos mais novos.

Saudades dos velhos tempos sim, tempos onde se respeitavam os mais velhos consequentemente mais sábios, do tempo que se aceitava conselhos, opiniões, e sugestões...saudades de quando uma pessoa com um pouco mais de idade que a gente falava, se escutava e se nao gostava ficava calado, se nao concordava tambem nao rebatia com grosseria.

Ah! quanta saudade da ordem dentro dos terreiros, quando ao chegarmos da escola íamos ao barracão e sentavamos a ouvir nosso Pai de santo ou Padrinho ou Juremeiro, os ensinamentos, e tinha dias que era destinado a aprendermos a cantar, a rezar, a dançar na gira, a limpar e cuidar dos objetos dos pejís.

Nesse tempo se uma pessoa dissesse ou escrevesse apos uma orientação, uma aula de sabedoria de um mais antigo, o seguinte...é voces que sao alunos aprendam.... gente essas entrelinhas diz claro que a pessoa q escreveu nao precisa de ensinamentos, já sabe de tudo, é dono do saber. O que é isso? onde estamos que nos permitimos que um mais jovem rebata um mais velho com tais palavras isso para nao comentar outras coisas.

Saudades sim, da casa de meu pai de santo onde aprendi o pouco que sei, onde fui orientada como me dirigir aos mais antigos, a respeitar a hierarquia, a baixar a cabeça e escutar com atenção as palavras de uma entidade, e principalmente aprendi a passar tudo aos meus filhos.

A nossa ciencia nao é receita de bolo para ser publicada em sua integra, em seus segredos, em seus fundamentos, quer saber da ciencia da jurema? frequente uma casa de jurema, trabalhe junto aos seus irmaos na humildade, auxilie as entidades e aprenda com elas, converse com o responsavel pela casa, sem medo, sem temor, pois so ele pode te orientar da maneira correta, lembrem-se de suas ações corretas teras os louros, e seu zelador ou juremeiro ou pai de santo tambem terá os louros, do mesmo jeito que suas ações erradas, seu zelador, pai de santo, juremeiro, é que tera seu nome jogado a lama, pois se voce faz errado é porque voce assim aprendeu. Nós sacerdotes e sacerdotizas temos um nomer a zelar, uma casa de religiao a manter e muitos dependem de nosso bom nome.

Saudades sim do tempo que se colocava uma vela, um cachimbo e um galhinho de aroeira e se abria uma jurema de chao, hoje ja é jurema sentada visto q a grande maioria dos filhos tem problemas de coluna e tals..quando o mestre ao som apenas de maracas e palmas, chegava sentava numa poty ou banquinho, e pegava sua marca, e limpava a todos, tomava 2 doses de jurema na Kenga, conversava com as pessoas e sabia quem da assistencia estava com problema, mas sem coragem de ir ate o mestre, e que ele assim chamava o (a) caboclo ou cabocla, para ser consultado, pegava o galho de aroeira ou outro, e rezava a pessoa, que saia muito bem, curado do seu incomodo, com uma nova prespectiva de vida, orientado corretamente de como proceder dali em diante.

Eita saudades dos pretos velhos...adorei as almas, que com seu café cozido na porta nos fazia sentir tao leves, das mestras que nos mostravam que nao se deve tomar o que é das outras, pois um dia alguem nos tomará o que pensamos ser nosso.

Finalizo essa minha divagação de saudades dos bons tempos espirituais, saravando a nossa Jurema sagrada, ao meu mestre Arranca Toco, a meu Padrinho Ze da Virada, e ao padrinho de todo juremeiros Ze Pelintra, principalmente. saudo nosso querido Malunguinho, Rei das matas e unico e verdadeiro guardião da jurema.

Joana Juremeira

16 de agosto de 2011

Como tratar nossas entidades cigana


Os espíritos ciganos são um povo encantado que surgiu, não há muito tempo, entre as entidades de Umbanda. Sua incorporação acontece de uma forma bem mais sutil do que qualquer outra. Os ciganos são um povo nômade, que chegou ao Brasil vindo das mais variadas regiões do mundo, com costumes vários, pois apesar de preservarem sua cultura e tradição como nenhum outro povo, adquiriram também costumes das diversas regiões por que passaram. Como são nômades jamais poderão ser assentados em barro, ferro ou o que for.
É preciso um certo cuidado para não confundir estas entidades com Exu ou Pombogira. Como na maioria das casas de Umbanda não existe um culto específico aos ciganos, eles costumam ser louvados e até mesmo incorporar em seus médiuns durante as giras de Exu, que são as entidades mais próximas a eles, embora os ciganos sejam mais ligados às vibrações dos povos do Oriente. As chamadas Pombogiras ciganas em geral são espíritos de mulheres que foram, quando encarnadas, criadas em alguma família cigana, aprendendo e adquirindo seus hábitos, costumes e tradição, ou talvez alguma mulher amante da cultura e tradição ciganas, embora gadjê (não-cigana). As Pombogiras ciganas podem ser assentadas como as demais, as ciganas não. Algumas pessoas costumam fazer potes ciganos, mas é importante frisar que esses potes são um elemento de prosperidade ou energização para essa pessoa, sua casa ou seu ambiente de trabalho e não um “asssentamento” do espírito cigano que vibra em seu corpo áurico.

Os potes ciganos em geral contêm:
7 espécies de sementes (ervilha, lentilha, semente de girassol, arroz com casca, grão-de-bico, canjica, milho) para a prosperidade
1 cristal de quartzo branco que gera energia cósmica
1 pedra relativa a cada um dos chakras principais (granada, calcita laranja, citrino, quartzo verde, quartzo rosa, água marinha, sodalita ou quartzo azul e uma ametista) para manter o equilíbrio energético
1 pirita para autoconfiança
1 pedaço de âmbar para o amor
7 moedas antigas para gerar bens materiais
7 moedas correntes do mais alto valor para não faltar o dinheiro circulante
7 fitas finas coloridas (exceto preta) para enfeitar o pote
1 pedaço de ouro
1 pedaço de prata
1 pedaço de cobre
1 noz moscada
Os espíritos ciganos são livres e não se deixariam “prender” num pote de barro ou numa vasilha de vidro. Nos centros espíritas onde existe “casa de cigano” ou um cantinho especialmente reservado para eles, aí poderão ficar guardados os utensílios usados por essas entidades como punhais, lenços, taças, baralhos, suas bebidas, mas não “assentamentos” ou potes de energização.
As entidades ciganas normalmente bebem vinho tinto de boa qualidade, mas nada impede que gostem de licores finos ou qualquer outra bebida condizente com sua terra natal, quando encarnados. Da mesma forma poderão fumar, se assim lhes agrada.
Os objetos, comidas preferidas, bebidas e cores de roupas em geral são pedidos pela própria entidade, uma vez que procedem das mais variadas regiões do mundo e assim, podem ter gostos diferentes.
As “giras” de ciganos deveriam ser feitas com a mesma freqüência que a de outras entidades (pretos velhos, caboclos, exus), pois também estão em processo evolutivo e necessitam do trabalho de incorporação junto aos encarnados para tal.
Existem cantigas, compostas normalmente por pessoas que apreciam os ciganos, falando e louvando o povo, mas a música flamenca, árabe e hindu são as que mais se assemelham à dança cigana. O povo cigano tem na dança uma de suas mais vivas e exuberantes formas de expressão, tirando dos passos, dos volteios do corpo, do rodar de suas saias, do meneio de suas cabeças e mãos, uma alegria contagiante e uma vivacidade talvez única. Dependendo de sua origem, algumas ciganas dançam tocando castanholas ou segurando pandeiros enfeitados com fitas coloridas, lenços esvoaçantes, leques ou flores.
As mulheres usam saias longas, geralmente até os tornozelos, numa demonstração de recato e ao mesmo tempo sedução. As blusas não possuem decotes ousados, as saias são rodadas e fartas, usando as ciganas mais ricas várias saias sobrepostas. O colorido é o forte atrativo de suas roupas. Muitas gostam de xales, fitas, rendas, lenços, mas tudo isso deve ficar a cargo da entidade, pois possuem um significado simbólico dentro de cada família cigana. Andar sem calçados também faz parte do misticismo cigano, pois acreditam que esta é uma maneira de descarregar a energia negativa na terra, ao mesmo tempo propiciando a entrada de energia positiva que vem do céu, do Sol, da Lua e das estrelas.
É comum vermos entidades ciganas falando espanhol ou apresentando um sotaque de sua língua natal quando encarnadas; isto é perfeitamente aceitável, mas não obrigatório, não devemos esquecer que, enquanto espíritos de luz, conseguem perfeitamente adaptar seu vocabulário ao da terra onde estão.
A idéia de que temem o mar é uma perfeita bobagem. O povo cigano também reverencia a Mãe Janaína no dia 31 de dezembro e muitas entidades ciganas pertencem ao elemento água e à falange de Iemanjá. Muitos trabalhos de magia são feitos nas águas do mar e entregues à Iemanjá para que tome conta. Os ciganos respeitam e reverenciam os quatro elementos (terra, água, ar e fogo), cultuando seus respectivos elementais.
As oferendas às entidades ciganas podem ser entregues numa estrada de terra (via ascendente, nunca descendente), num descampado, na mata, na areia da praia ou numa praça central da cidade onde circule grande número de pessoas e haja lojas de bastante movimento e estabelecimentos bancários, dependendo do objetivo. O horário ideal para se fazer oferendas é de manhã bem cedinho ou entre dezoito e vinte e três horas. Em assuntos de negócios, quando o local preferido é a praça, a oferenda deve ser entregue durante o horário de movimento. O melhor período para estas oferendas é entre o quarto dia da lua crescente e o quarto dia da lua cheia, quando existe o máximo de energia lunar, yin, intuitiva, doadora de prosperidade, fartura, amor e realizações.
Cabe lembrar que, seja para comemorar o que for, não se sacrifica animal para as entidades ciganas; eles apreciam a carne, não o sangue.

26 de julho de 2011

Cuidando das Entidades da Jurema Sagrada.

( V Kipupa Malunguinho 2010, foto de Pedro Stoekcli Pires)

Muitas pessoas me procuram para tirar dúvidas sobre suas entidades de Jurema, a respeito de Nome, História de vida, modo de trabalho, para perguntar com cuidar, sobre os gostos e manias de certas entidades.

Então decidi escrever algo referente a isso, até por que eu já passei e já tive minhas dúvidas e incertezas a respeito das minhas entidades. O primeiro contato entre o médium e uma entidade varia muito, são muitas e inumeráveis situações que podem vir a acontecer, normalmente acontecem através da incorporação onde o médium em um Barracão de Jurema ou até mesmo dentro de sua própria residência, as entidades incorporam no filho e deixam seus recados seja qual for, e por vezes também deixa um nome conhecido ou desconhecido e tem casos que nem o próprio nome eles dizem. Isso é normal não é um caso de desespero, muitos se desesperam por conta disso, porque a entidade não fala, porque a entidade não disse o nome, ou porque a entidade não canta, não fuma, não bebe entre outras dúvidas. Um caso fácil de ser resolvido. Essa obrigação fica a cargo do Juremeiro ou Juremeira, é deles e unicamente deles a missão de conversar, entender, perguntar, catar fundamentos e por muitas vezes até ensinar como a entidade deve se comportar dentro do barracão.

Um bom conselho que eu dou a quem está passando por isso, é entrar em sintonia com a entidade. Poxa Danilo você falou pra eu entrar em sintonia com a minha entidade, como eu faço isso?! Simples, você pode tomar um banho daqueles que te deixa bem harmonizado e leve, um banho normal sabe?! Ou pode ser também um banho com ervas de cheiro e depois disso se ajoelhe, acenda uma vela na intenção da entidade ou corrente (caso você não saiba o nome) e peça pra essa entidade que trabalha com você que te mostre e revele se assim for de seu merecimento as dúvidas que você tem referente a ela. Lembro sempre que nossas entidades devem ser tratadas com muito respeito e que não somos nós quem a comandamos, nós apenas trabalhamos em conjunto com elas, então sempre deve haver o respeito entre o filho com a entidade para que a entidade tenha com o filho.

A internet está aí, um dos melhores meios de comunicação que o homem inventou até hoje, mas tome muito cuidado porque ela também pode trazer alguns problemas. Eu vejo por aí muitas informações sobre Jurema que são dadas erroneamente e que se forem seguidas podem vir a prejudicar. Uma delas eu vi essa semana, um amigo meu me mandou um link de um site, que o vem ensinando um ritual para que a pessoa descubra o seu Exu guardião, um ritual muito perigoso e desaconselhável. Nossas entidades elas vem até nós sem precisar realizar nenhum ritual, elas sabem que existimos e no momento certo elas iram aparecer. Vejo também muitos sites, comunidades no Orkut ou blog’s que contam a história de algumas entidades da Jurema, não digo que as histórias sejam mentira, mais pode ser que a história daquela referida entidade não seja a história da entidade que trabalha com você em sua corrente, é necessário saber que cada entidade de Jurema vai saber dá seu positivo no tempo certo e não é preciso que nós como médiuns fiquemos correndo atrás de fundamentos que somente a própria entidade pode dar.

Cada entidade sabe o momento derto de aperecer na vida do filho, elas sabem a quem vai escolher para Juremeiro, elas sabem o momento que já podem dizer seu nome, elas sabem cantar seu ponto e vão cantar no momento que elas acharem que devem, elas vão contar onde elas nasceram, viveram e morrerão, elas vão saber passar seus trabalhos sem precisar que o filho saiba.

"Jurema é Ciência Nobre" assim já diz o ponto, dê tempo e confiança nela que as coisas vão começar a fluir melhor na sua vida espiritual junto com a Jurema Sagrada. "Terra Alheia, Pisa no chão Devagar" outro ponto que também resume tudo isso que eu disse, tenha calma que tudo será desvendado.

As entidades só querem uma coisa do filho, Fé.

24 de julho de 2011

Será que o Catimbó Jurema sagrada está perdendo seus antigos costumes?

Sou do Mestre Malunguinho, mestre esse que desde a sua 1ª incorporação aos meus 15 anos, me fez entrar em profunda pesquisa e estudos sobre a história e os fundamentos do Catimbó Jurema. E com isso estou aqui hoje nestas linhas querendo explicar um pouco de tudo o que eu aprendi e ainda estou aprendendo tanto com os Artigos de Livros e/ou até mesmo de internet, com as histórias de antigos Juremeiros, amigos Juremeiros e com as próprias entidades que trabalham dentro da Jurema Sagrada.

Bom, começar a Falar do Catimbó Jurema é um tanto quanto complexo, não pelo fato de ser um difícil entendimento, porque não é, o caso é que assim como qualquer outra religião o entendimento só pode acontecer com a prática, o convívio e muito estudo sobre as mesma. A Jurema Tem por princípios na Cultura Indígena, foram os índios que começaram a cultuar a Natureza e aos seus ancestrais aqui no Brasil, e com a chegada dos europeus os índios foram obrigados a se converter ao cristianismo e esquecer os antigos costumes que eles tinham dentro de suas tribos, mas não esqueceram tais costumes por completo, continuaram reverenciando a natureza e aos seus ancestrais só que com a presença dos santos e alguns dogmas da igreja católica, daí foi onde se pode falar que o Catimbó Jurema Surgiu, com a mistura de cultos e costumes de outros povos.

A Jurema Sagrada que antes era conhecida pelo Termo Catimbó (por sinal até já postei algo sobre esse assunto), ela teve seu surgimento principalmente no Nordeste entre o Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e com menos influencia entre os outros estados do nordeste e das regiões brasileiras. Ela vem sofrendo mudanças desde a colonização do Brasil, mudanças essas que por boa parte só aconteceram para acrescentar, como é o caso de algumas vezes seus rituais e liturgias parecerem com o de outros cultos, tais como o Candomblé, a magia Europeia, o cristianismo e entre outras, misturado aos costumes religiosos indígenas. Só que infelizmente estou vendo mudanças acontecerem dentro da jurema sagrada que não estão acrescentando, e sim fazendo com que ela vá desaparecendo, e aquela jurema antiga com tantos mistérios fique no esquecimento e em histórias que os antigos nos contam. Umas das mudanças é o modo de trabalho das entidades, hoje em dia vejo que muitos mestres, mestras e caboclos estão perdendo seus costumes de trabalho e estão com um novo modo de trabalho totalmente controverso ao do antigo Catimbó Jurema, tais como a sofisticação de roupas, o uso demasiado do palavrão, o esquecimento de ritos necessários, entre outras coisas que vejo.

Infelizmente essa é uma realidade que vejo dentro da Jurema, e cada vez mais pessoas dizem ser juremeiros e quando se pergunta algo básico dentro da jurema não sabe responder e ainda tem a cara de pau de dizer que o juremeiro dele que ensinou assim, só peço que todos os Juremeiros e pessoas que tem o interesse de trabalhar dentro da jurema sagrada faça isso com muito respeito e cuidado para que essa ciência não caia no esquecimento e passe a ser um folclore. De nada adianta fazer um toque de jurema, uma consagração, uma obrigação na jurema e não sentir a Jurema Sagrada dentro de si...


4 de julho de 2011

MALUNGUINHO: Rei do Quilombo do Catucá



Líder quilombola mais temido em Pernambuco nas primeiras décadas do século 19, o negro Malunguinho é dono de uma história singular, porém praticamente anônima. Basta dizer que o Conselho de Governo, principal órgão consultivo da província e que deu origem à Assembléia Legislativa, gastou uma reunião inteira discutindo um possível ataque dos escravos refugiados na Floresta do CATUCÁ (Mata Norte, entre Recife e Goiana) ao Recife. A suposta invasão aconteceria em 1827, comandada por Malunguinho.

Mestre João, que entrou para a historia conhecido como Mestre Malunguinho (de "MALUNGO"- "companheiro de viagem") , viveu em Pernambuco na primeira metade do século XIX, quando foi chefe (Rei) do quilombo do CATUCA´. Como "irmão do quilombo" foi libertador de muitos de seus irmãos que viviam no cativeiro das senzalas. Era temido por todos os senhores brancos e dizia a lenda que ele tinha uma chave mágica que abria todas as correntes, todas as senzalas.

Era respeitado por seu povo como rei de enorme sabedoria, herói, guerreiro e libertador...Não haviam caminhos fechados para MALUNGUINHO...Grande rei e sacerdote do povo BANTU.

A tradição do TOREH nos conta que quando o exercito invadiu o quilombo do CATUCÁ, Malunguinho foi ferido, mas não foi capturado. Foi abrigado, quase a beira da morte, pelos índios, os quais curaram seus ferimentos, e entre os quais ele passou a viver por muitos anos. Foi nesse período que Mestre João – Malunguinho teve seu reencontro com a JUREMA SAGRADA, assumindo a missão que lhe estava reservada, pela Força Superior, no ADJUNTO DA JUREMA, foi reconhecido em seu tempo como o maior entre todos os JUREMEIROS, cumpriu honrosamente sua missão de MESTRE e LIBERTADOR, não só libertador dos negros escravos presos nas senzalas mas sobretudo um LIBERTADOR DE ESPIRITOS , espíritos aprisionados ate´ então no cativeiro espiritual da ignorância e da ilusão; libertou muitos cativos, com a chave mágica do AJUCA, voltando-os em direção a LUZ para seguirem firmes dentro do caminho da JUREMAÇAO. Para cumprir esta missão MESTRE JOÃO (MESTRE MALUNGUINHO) recebeu, uma vez mais, sob a ACACIA JUREMA, a posse da Chave dos Mistérios, e com ela conduziu exemplarmente seus discípulos dentro da JUREMA, como MESTRE-GUIA, restaurando a pureza do culto, o qual estava bastante ressentido da falta de um verdadeiro MESTRE ENCARNADO naquele tempo.

MALUNGUINHO não é, simplesmente como muitos pensam, "o exu da jurema", na verdade MALUNGUINHO, MESTRE JOAO, o "REI DAS MATAS”, e uma manifestação do espírito de CARIDA, é o MESTRE-GUIA, o guardião, o que tem a Chave-Mestra da JUREMA, a qual recebeu de TOREH "JERUBARI" como um poder de realizar a Sua obra na Terra.

Com MALUNGUINHO, a luz capital do ADJUNTO DA JUREMA, a qual havia se ocultado no oriente, firmou-se fortemente desde o seu caminho de volta ao ocidente, pelo caminho do SOL. A trajetória de Malunguinho em muitos pontos identifica-se de forma misteriosa , `a trajetória de outros destacamentos emissários da luz da Acácia no Oriente....como, por exemplo, MOISES, o qual também levou a cabo a missão de reunir o seu povo disperso, livrando-o do cativeiro e da escravidão, para levá-los novamente ao caminho da Luz.

Aqueles que já tiverem lido cuidadosamente a Bíblia, ou a TORAH, devem se recordar que o grande SENHOR do Universo apresentou-se a MOISES numa ACACIA, numa JUREMA, o que não é, nem nunca foi uma simples coincidência; Interessante notar que muitos dos ensinamentos de MOISES com relação ao Culto da ACÁCIA passaram aos nativos da África, especialmente aos BANTOS, antepassados de Malunguinho, através de JETRO, sogro de Moises, e grande iniciado nos Mistérios da ACÁCIA.

Nos documentos da polícia não há registro da morte ou captura de Malunguinho. O quilombo foi dizimado por volta de 1830.

1 de julho de 2011

Casas de Axé


Com a convivência dentro de Casas de Axé eu percebi que existem muitos conflitos entre Seus zeladores, é algo que infelizmente realmente existe. E ao meu ponto de vista isso estraga com muitas casas. Eu gostaria de saber ou entender o que um Zelador(a) ganha com isso?! Em que ele vai se beneficiar em prejudicar outras pessoas que também são do Axé?! Será que eles gostam de ficar brincando de jogar feitiços um para o outro?! E por que prejudicar uma festa de outro terreiro por causa do zelador ou do filho que está dando a festa?! Isso não seria uma falta de respeito com as entidades q assim eles também acreditam e cultuam?!

Nós temos que parar pra ver que a Jurema e a Nação estão se acabando aos poucos por causa dos próprios dirigentes e os filhos das casas que estão entrando na religião por pura Vaidade. E querem ser o melhor do que os demais irmãos de fé, eu acredito que ninguém é melhor do que ninguém, cada um tem o seu próprio axé, cada um recebe aquilo que lhe é de merecimento, Deus dá o cobertor de acordo com o frio.

Para se trabalhar dentro da Jurema, Candomblé, Umbanda ou outras religiões de matriz africana é necessário entender do que se trata o culto no qual você faz parte, procurar saber das suas origens, ver como é o seu modo de trabalho, ver as regras que você terá de cumprir, seus deveres dentro do culto, seus direitos, ver as responsabilidades que você pode vir a ter. Os zeladores não deveriam sair por aí fazendo outras pessoas a torto e a direita, ocasionando a existência de futuros Zeladores que não tiveram os fundamentos ensinados e não seguem os preceitos que são necessários cumprir, sem saber se realmente é de necessidade uma pessoa vir a ter uma obrigação feita.

Na nossa religião, outra coisa que também tem me deixado muito triste é saber que existe muitas casas que os zeladores faz da religião um modo de vida... Tudo bem eu aceito que Exu não trabalha de Graça e nem nós iremos dedicar nosso tempo a uma certa obrigação dentro do barracão e não vamos ganhar nada... eu acredito que sim. Sabe por que?! Porque quando fazemos nossas obrigações a nossa carteira de trabalho não é assinada e as entidades não assinam um contrato de pagamento por serviço prestado a eles... Nós entramos na religião por Amor... Pelo menos foi assim como eu entrei, Por Amor.

Quando entramos numa casa de Axé nós começamos a acreditar que todos os nossos problemas serão resolvidos e que nós seremos superior a tudo e a todos, pensamos que é só fazer um trabalho que tudo se resolve. Eu já pensei assim um dia e sabe o que aconteceu?! Eu me estrepei, a vida dentro do axé não é assim um mar de rosas não, nossas entidades não podem fazer tudo o que pedimos sempre, porque se elas começarem a deixar o nosso caminho sem problemas ou crises como vamos aprender a viver?! Como é que vamos tirar os nossos ensinamentos que aprendemos durante a vida?! É assim que eles nos ensinam.

Essas são algumas coisas que existe dentro das casas de axé que me preocupa e tenho certeza que também preocupa outras pessoas... Peço A Deus, Meu Santo e as entidades da Jurema todos os dias que Olhem pelos Zeladores de Casas de Axé pra que eles sejam guiados no caminho certo da Ciência que assim é cultuada dentro de Cada Barracão...

Axé Irmão... Espero que você Reflita e tente Mudar essa situação como eu também estou tentando.

Danilo MalungO

27 de junho de 2011

Hangiofóbia e auto-promoção - Por Sandro de Jucá






Hoje Vi esse Recado que me foi enviado pelo Orkut por meu Irmão Sandro de
Jucá do Quilombo Cultural Malunguinho, realmente um verdadeiro absurdo o que
fiquei sabendo... quanto mais podermos falar sobre isso ou realmente agir será
melhor...

Atenção
juremeiros e juremeiras de todo Brasíl, estive sábado último (25 de
JUNHO) com uma equipe de pesquisadores no municipio de Alhandra Paraíba
nas terras do acaís onde me deparei com um total abandono, a capela onde
fica o túmulo do mestre Flosculo Guimarães está sendo destrúida por
cupins e toda área em volta cheia de lixo e muita erosão,será que o
estado da Paraíba na pessoa de seu governador Ricardo Coutinho ainda não
acordou para o valor que existe dentro do seu estado ? cadê tambêm os
juremeiros e juremeiras da Paraíba que não questionam o governo para
essa valorização ? será que o iphan não está vendo isso ? se já não
bastasse a barraca das sete portas referência em muitos cânticos dos
mestres e mestras da jurema está sendo gerênciada por um grupo de
evangélicos, o que é isso gente ? mesmo me tratando com urbanidade o
atendente da barraca me falou que não conversa sobre jurema nem sobre á
história daquele lugar apesar de questionado por alguns turistas que
visitam a área nada sabe dizer e agora por diante "quem comanda aqui é
jesus" será que é necessário nós do Quilombo Cultural Malunguinho irmos
mais uma vêz lutar pelo acaís ? cadê os que se intitulam Guardiões
zeladores da Jurema no acaís ? sempre nas minhas falas no acaís
destaquei á valorização de forma colétiva da Jurema e não o brilhantismo
que se avinzinhava,por observar em alguns um certo destaque maior pra
pessoas que pela causa,os indios aratanguis devem está envergonhados com
essa situação ,pessoas que usam essa verdadeira cultura viva como mote
para suas promoções pessoais, eu sou um dos cordenadores religioso do
Quilombo Cultural Malunguinho e nunca ganhei dinheiro com isso ,ao
contrário gasto por muitas vêzes em ,transportes,alimentação,divulgação
em eventos propósitivos para nossa Jurema,inclusive deixo até de cuidar
de minha vida privada para participar de coisas relativas á Jurema, como
muitos da nossa equipe tambêm o fazem,achei pertinente durante todas as
filmagens que foi feita pela equipe vinda de São paulo destacar a forma
que o estado trata nossa cultura religiosa e que não atenta para esses
espaços como atrátivo turistico, O Quilombo Cultural Malunguinho não
concorda com esse abandono e questiona tambêm esses Braváteiros de
plantão que usam nossa liturgia para suas promoções pessoais, e por
enquanto se deblateram os bravateiros o Acaís se acaba .

Sandro de Jucá

14 de junho de 2011

Respondendo algumas perguntas


Bom com eu tenho o meu Orkut Danilo MalungO, a um tempo eu venho notando a frequência em que tenho recibo perguntas sobre o culto ao catimbó – Jurema, perguntas essas que quando sei responder e tenho a permissão pra responder, eu respondo com todo o prazer, porque um dia eu já tive dúvidas e também já tive minhas perguntas pra fazer e sei o quanto é difícil pra você poder tirar aquela dúvida ou curiosidade que está em sua cabeça. Então com isso eu decidi responder algumas das perguntas e dúvidas mais frequentes que recebo em meu Orkut Danilo MalungO. Mãos a Obra?!

Por que Catimbó? E porquê só se conhece por Jurema sagrada?

Como quase tudo dentro do Catimbó/Jurema o seu nome também tem sua origem e raízes dentro da cultura indígena, vários são os significados para a palavra Catimbó, alguns falam que significa, CAA=floresta TIMBÓ=torpor que se assemelha a morte. Desta forma, catimbó seria a floresta que conduz ao torpor, numa clara referência ao estado de transe ocasionado pela ingestão do vinho de jurema, em sua diversidade de ervas. Outras teorias, porém, relacionam o vocábulo com a expressão CAT=fogo, e IMBÓ=árvore, neste mesmo idioma. Assim, fogo na árvore ou árvore que queima relataria a sensação de queimor momentâneo que o consumo da Jurema ocasiona. Outros ainda dizem que o nome vem do CAA=Fumaça e TIMBÓ=Cachimbo, que se chega a uma conclusão de que o Catimbó tem como fonte de maior poder a fumaça. Nenhum destes estudos estão equivocados ou errados, o Catimbó é assim mesmo, com vários significados e só será entendido se for vivido com amor, repeito e pureza no coração.
Os antigos contam que antigamente o culto do CATIMBÓ era proibido e se algum Catimbozeiro (como eramos chamados) fosse pego fazendo seu culto seria preso. E como já relatei isso em outras postagens, os cultos começaram a ser feitos dentro das matas no periodo da noite e no máximo de silêncio possivel. E com essa repressão o termo Catimbó foi tido como um culto em que as pessoas cultuavam demônios, e que acabavam com a vida dos outros por meio de agouros e feitiçarias, um verdadeiro equivoco que veio a impulsionar os Catimbozeiros a mudar o nome do culto Para JUREMA, já que o culto estava basicamente voltado a essa planta, o Catimbó ganhou um novo nome: JUREMA SAGRADA.


Qual o significado dos copos e taças (princípes) com água que são colocados perto dos assentamentos das entidades?

Bom, essa é uma que poucos me perguntam, porem acho muito interessante vcs ficarem sabendo. A água é uma fonte da vida, ela é quem ajuda o solo a ficar fértil, ela é maior parte em nosso planeta, nosso corpo contém uma grande quantidade de água, ou seja, a água é um meio de vida e acreditamos que os copos com água nas mesas de jurema e nos assentamentos das entidades venha a funcionar com um portal, um elo entre o nosso mundo e as cidades da jurema, é pela água que entramos em contato do nosso mundo com as cidades e reinos exitentes no mundo da Jurema.

Outra pergunta que é muito parecida com a anterior é a do tronco de Jurema... Qual seria sua função dentro do culto, nos assentamentos das entidades e qual seu significado?

Assim como os princípes o tronco de Jurema é de bastante importancia dentro de um assentamento, até porque quando se fala em assentar uma entidade de Jurema a primeira coisa que se diz necessário é o tronco de Jurema, ele pode variar de tamanhos (que normalmente tem um tamanho minimo de 20 cm) e de quantidade de saídas (isso depende de quantas cidades o mestre ou outra entidade trabalhe). O tronco vem pra fazer um elo, entre o nosso mundo e o mundo da Jurema assim como a água nos principes.
Jurema é uma árvore nativa do nordeste e da caatinga nordestina, diz a lenda que essa árvore é sagrada porque nela a virgem Maria teria escondido o menino Jesus durante a fuga da sagrada famíla para o Egito. A bebida é feita da casca da jurema, vinho ou pinga os outros ingredientes são gradados pelos mais velhos com muito zelo.



Os trabalhos da Jurema Todo mundo quer saber, é como
casa de abelha que se trabalha sem ningém ver

(ponto de Jurema)



P.S. assis que eu tiver mais tempo eu posto mais pergunats e respostas... quem tiver alguma pergunta pode deixar aí que eu vou ver e se eu puder responder eu responderei tbm...




Que Deus, a Jurema Sagrada e os Nossos Antepassados te abençoe Sempre!!!

3 de junho de 2011

Jurema da Raiz do Acais

Igreja de São João Batista


Com origem no Litoral da Paraíba, Rio grande do norte e o sertão de Pernambuco o Catimbó atualmente conhecido como Jurema Sagrada, teve seu fundamento em tempos imemoriais. Até mesmo antes da colonização já se existia dentro da religiosidade dos índios nativos o culto a uma árvore com propriedades psicoativas, fazendo partes de diversos ritos de comunicação com os antepassados e encantados de suas tribos através do transe. Uma forma de identificação deste culto é o Toré de caboclo.
De acordo com estudos, em Alhandra/PB existiram duas tribos indígenas. Os Tabajaras e os Potiguares, que por sua vez sofreram o processo de colonização através da catequização em suas tribos. Os povos Tabajaras se mostraram mais receptíveis à cultura europeia, já os Potiguares eram menos receptíveis e talvez isso explique, em partes, que ainda se encontre aldeias de Potiguares, enquanto os Tabajaras desapareceram sem deixar muitos vestígios.
Mesmo com a socialização e a catequização colonial em tribos indígenas existentes na cidade de Alhandra, os índios não deixaram de realizar seus cultos e costumes dentro da Jurema, mesmo sendo cristãos batizados pela igreja católica eles continuavam com as suas práticas religiosas.

Juremeiros em Alhandra na terras do Acais

Alhandra sempre despertou a atenção de muitos curiosos pelo seu misticismo e magia, atraídos pelos famosos ‘Mestres de Jurema’ muitas pessoas visitavam Alhandra buscando a realização de seus objetivos e males da vida. Mas com a repressão e a perseguição de policiais sob os ‘Mestres de Jurema’, fez com que os rituais fossem realizados as escondidas dentro de matas fechadas distante da cidade somente ao som dos maracás e com o canto entoado em voz baixa. Com isso ocasionou a perca de muitos fundamentos e costumes primórdios da Jurema, pode se dizer que até mesmo ensinamentos dentro do culto foram perdidos e não foram passados pelos mestres antigos por medo de terem seus herdeiros presos ou mortos por estarem cultuando a Jurema, tendo assim um distanciamento da crença deixada pelos índios. Conta-se que os Catimbozeiros como eram chamados os ‘Mestres de Jurema’ não tinham o direito de serem enterrados nos cemitérios da cidade, fazendo com que os corpos fossem enterrados dentro da mata onde se plantava um pé de Jurema pra marcar o local do sepultamento, neste mesmo local eram enterrados todos os seguidores do mestre que ali foi sepultado, colaborando no surgimento das chamadas “cidades da Jurema”, tais como: Cidade de Mestre Manoel Cadete, Cidade de Rosalina, Cidade de Maria do Acais, Cidade do mestre Adauto, Cidade do rei Heron, cidade dos Encantos (Tambaba) e Cidade das Águas Claras.

Tumulo de Mestre Flósculo que fica por no terreno atras da igrejinha da cidade

A cidade da Jurema mais conhecida é a do Acais, tendo como base a família dos Guimarães descendentes da ‘Mestre de Jurema’ Maria do Acais, uma respeitável senhora que exerceu a prática de vidente e conselheira de milhares de pessoas que assim a procuravam em busca de melhora para seus males da alma e do corpo. Nas práticas de Mãe Maria do Acais incluíam-se a ingestão do vinho da Jurema. De acordo com estudos feitos e com as histórias contadas pelos antigos da cidade, tudo teria começado com a índia Maria Gonçalves de Barros, conhecida por Maria Índia, na qual teria recebido das mãos do Imperador Dom Pedro II as terras do Acais, onde se fez moradia, e também a primeira casa de culto à Jurema onde teria dado inicio, então, ao uso da Jurema para curar os mais variados males. Como Maria Índia não teve filhos ela teve de deixar seus ensinamentos para sua sobrinha, Maria Eugênia Gonçalves Guimarães, que logo ficou famosa como ‘Mestre’ Maria do Acais. Que por consequentemente após sua morte deixou de herança seus ensinamentos ao filho, Flósculo Gonçalves Guimarães que deu continuidade ao culto sendo conhecido por ‘Mestre’ Flósculo.

17 de maio de 2011

DENUNCIA VINDA DOS IRMAOS DA PARAIBA



DENUNCIA VINDA DOS IRMAOS DA PARAIBA



Em nome do Conselho Municipal de Cultura de Santa Rita, PB. O qual estou
presidente, venho por meio desta mensagem, externar o voto de repúdio
que este Conselho deu ao Vice-Prefeito da cidade de Sapé, PB, Sr.
Melcides Brito, pela sua truculência, ignorância, racismo, e
intolerância religiosa, ao perseguir e fechar no dia 13 de maio, dia da
abolição da escravatura no Brasil, um templo religioso das religiões
afro-brasileiras, localizado no bairro denominado "Cidade Cristã",
naquele Município. Nosso repúdio, por, em pleno dia da comemoração da
libertação dos escravos, um sacerdote negro, pobre, ter sua liberdade
religiosa tolhida por alguém que exarceba uma indiscritível ignorância
em todos os sentidos, colocando o citado sacerdote nos cadeados da
senzala, nas correntes do cavalete, e porque não dizer, em um "tronco"
moral, para receber os açoites psicológicos daquele algoz. As religiões
afro-brasileiras são patrimônio cultural imaterial do Brasil, e negar
sua existência, é rasgar a própria história.
Desde o ano de 2010 que o
Babalorixá daquele terreiro vêm sofrendo com as perseguições do
vice-prefeito daquela cidade, que é espírita, e disse ao Babalorixá que
para poder funcionar, aquele terreiro teria que ter, dentre as muitas
exigências apresentadas pelo vice-prefeito, um alvará de funcionamento, e
deu um prazo de 03(trÊs) dias para que o sacerdote fizesse toda
documentação que incluía até CNPJ, com o prazo terminado justamente no
dia 13 de maio.
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA GARANTE IGUALDADE ENTRE AS PESSOAS E O DIREITO A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E RELIGIOSA...
Artigo 5º da Constituição Federal
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...
VI
- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado
o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica..
SERÁ
QUE SAPÉ NÃO FAZ PARTE DO BRASIL? ... E/OU A NOSSA CARTA MAGNA NÃO
CHEGOU ATÉ LÁ? OU SERÁ, AINDA, QUE OS GOVERNANTES DAQUELA CIDADE NÃO SE
ATUALIZARAM? SERÁ QUE PARA UM TEMPLO RELIGIOSO FUNCIONAR PRECISA SE
TORNAR EMPRESA E TIRAR CNPJ E ALVARÁ? DESCONHEÇO ESSA NOVIDADE!
BEM QUE JÁ TEMOS VINTE E QUATRO ANOS DA NOVA CONSTITUIÇÃO...
ESTATUTO
DA IGUALDADE RACIAL CONFIRMA O RECONHECIMENTO DAS COMUNIDADES
TRADICIONAIS E DE TERREIROS COMO PRESERVADORES DA CULTURA RELIGIOSA DO
POVO AFRO-BRASILEIRO... LOGO, TERREIRO FECHADO É IGUAL A DESTRUIÇÃO DA
MEMÓRIA E TRADIÇÃO DA REFERIDA CULTURA RELIGIOSA!
SEM DELONGAS,
SOLICITO QUE DENTRO DO POSSÍVEL ENVIEM ESTA MENSSAGEM À TODAS E TODOS
QUE VOCÊS TIVEREM CONTATOS, MOVIMENTOS SOCIAIS, PODERES PÚBLICOS,
JORNALISTAS, PESSOAS DE AXÉ OU NÃO... VAMOS NOS MOBILIZAR!
VAMOS
TELEFONAR PARA AQUELA PREFEITURA, ENCHER O BLOG DELES COM MENSAGENS DE
REPÚDIO, E ENCHER O E-MAIL DAQUELA PREFEITURA COM MENSAGENS DA NOSSA
INDIGNAÇÃO POR ESSA TRUCULÊNCIA, PRECONCEITO E INTOLERÂNCIA CONTRA O
NOSSO POVO. SEGUE ABAIXO OS TELEFONES E ENDEREÇOS ELETRÔNICOS PARA A
NOSSA MANIFESTAÇÃO.
BLOG DA PREFEITURA DE SAPÉ, pb:
http://prefeiturasape.blogspot.com/2011/01/prefeitura-municipal-e-tempo-de.html#comment-form
ENDEREÇO E TELEFONE DA PREFEITURA DE SAPÉ, pb:
Rua Orcine Fernandes, 135 - Centro - Sapé-PB - Cep: 58.340-000 - Fone (83) 3283-6586
E-MAIL DA PREFEITURA DE SAPÉ, PB:
prefeitura.sape@gmail.com
CONFIO NO MEU PAI XANGÔ E EM BABÁ EXU QUE A JUSTIÇA SERÁ FEITA, E CONFIO EM BABÁ OGUM QUE OS CAMINHOS SERÃO ABERTOS.
ASÉ Ò.
Enviado por Fernandes Marcel e transcrito na integra

13 de maio de 2011

Um Breve estudo sobre o Culto da Jurema Sagrada - Caatimbó







Jurema sagrada como tradição "mágica" religiosa, ainda é um assunto pouco estudado. É uma tradição nordestina que se iniciou com o uso desta planta pelos indígenas da região norte e nordeste do Brasil, mas que, atualmente possui influências as mais variadas, e que vão desde a feitiçaria européia até a pajelança, xamanismo indígena, passando pelas religiões africanas, pelo catolicismo popular, e até mesmo pelo esoterismo moderno, psicoterapia psicodélica e pelo cristianismo esotérico. No contexto do sincretismo brasileiro afro-ameríndio, a presença ou não da jurema como elemento sagrado do culto vem estabelecer a diferença principal entre as práticas de umbanda e do catimbó .

Família de Zé e maria do Acais - PB

O culto da Jurema está para a Paraíba, assim como o de Iroko está para a Bahia. Esta arvore tipicamente Nordestina, era venerada pelos índios potiguares e tabajaras, da Paraíba, muitos séculos antes da descoberta Brasil. Em Pernambuco, existe um município cujo nome é Jurema devido a grande quantidade destas árvores que ali se encontra. A jurema (mimosa hostilis) depois de crescida é uma frondosa árvore que vive mais de 200 anos. Todas as partes dessa arvore são aproveitadas: a raiz, a casca, as folhas e as sementes, utilizadas em banhos de limpeza, infusões, ungüentos, bebidas e para outros fins ritualísticos. Os devotos iniciados nos rituais do culto são chamados de “Juremeiros”. Foi na cidade de Alhandra, município a poucos quilômetros de João Pessoa, que esse culto, na forma do Catimbó alcançou fama. A Jurema já era cultuada na antigüidade por pelo menos dois grandes grupos indígenas, o dos tupis e o dos cariris também chamados de tapuias. Os tupis se dividiam em tabajaras e potiguares, que eram inimigos entre si. Na época da fundação da Paraíba, os tabajaras formavam um grupo de aproximadamente cinco mil índios. Eles ocupavam o litoral e fundaram as aldeias Alhandra e a de Taquara.

A jurema sagrada é remanescente da tradição religiosa dos índios que habitavam o litoral da Paraiba, Rio Grande do Norte e no Sertao de Penambuco e dos seus pajés, grandes conhecedores dos mistérios do além, plantas e dos animais. Depois da chegada dos africanos no Brasil, quando estes fugiam dos engenhos onde estavam escravizados, encontravam abrigo nas aldeias indígenas, e através desse contato, os africanos trocavam o que tinham de conhecimento religioso em comum com os índios. Pôr isso até hoje, os grandes mestres juremeiros conhecidos, são sempre mestiços com sangue índio e negro. Os africanos contribuíram com o seu conhecimento sobre o culto dos mortos egun e das divindades da natureza os orixás voduns e inkices. Os índios, estes contribuíram com o conhecimento de invocações dos espíritos de antigos pajés e dos trabalhos realizados com os encantados das matas e dos rios. Daí a jurema se compor de duas grandes linhas de trabalho: a linha dos mestres de jurema e a linha dos encantados.

Reunião de Jurema de chão


O culto à árvore da Jurema remonta a tempos imemoriais, anteriores, inclusive à colonização portuguesa na América. A altura, diversas tribos indígenas da atual Região Nordeste do Brasil, reverenciavam a Jurema por suas propriedades psicoativas, inserido-a em diversos ritos de comunicação com as divindades de seu panteão através do transe, alguns dos quais ainda preservados pelas comunidades da região. O Toré, uma forma específica de culto à Jurema, é, por vezes a única forma de identificação cultural remanescente entre os ameríndios do Nordeste.
Esta variedade de cultos, entretanto, foi severamente reduzida por ocasião do contato europeu, de forma que a tradição da Jurema sagrada teve de ser adaptada aos preceitos católicos, devido à forte repressão colona aos cultos considerados pagãos. Assim, o vasto panteão aborígene foi gradualmente suprimido, sendo adotado, nos rituais da população cabocla, as mesmas deidades do catolicismo tradicional. O culto aos antepassados, porém, por sua grande influência, foi mantido e, ademais, adaptado à realidade dos Mestres da Jurema.

O Catimbó, assim como a maior parte das religiões xamânicas, é considerado um culto de transe e possessão, no qual as entidades, conhecidas como Mestres, se apoderariam do corpo do Catimbozeiro e, momentameamente, tomariam todos os domínios básicos do organismo. Entretanto, diferentemente do que ocorre na Umbanda, onde os espíritos se organizam em direita e esquerda conforme a natureza positiva ou negativa que possuam, os Mestres são relativamente neutros, podendo operar tanto boas quanto más ações. Tais Mestres seriam figuras ilustres do Catimbó, que, quando vivos, teriam realizado diversos atos de caridade por intermédio do uso de ervas e propriedades xamânicas, de modo que por ventura de sua morte, teriam sido transportados a uma das Cidades místicas do Juremá, localizada nas imediações de um arbusto de Jurema plantado pelo Mestre anteriormente a seu falecimento.

Subordinados aos mestres, encontram-se as entidades conhecidas como Caboclos da Jurema. Esta forma de espírito ancestral, representa os pajés e guerreiros indígenas falecidos, envidados ao Mundo Encantado de forma a auxiliarem os Mestres na realização de boas obras. Os Caboclos são sempre invocados no início do culto, antes mesmo da incorporação seus superiores. Estes seres espirituais, seriam os responsáveis pela prescrição de ervas medicinais, banhos e rezas que afastariam o mau-olhado e o infortúnio.
Mesa de Consagração, onde se representas as cidades encatadas dos mestres da Jurema

O universo espiritual do catimbó é chammado de Juremá, onde habitariam os Mestres da Jurema e seus subordinados. Segundo a crença, o Juremá seria composto de uma profusão de aldeias, cidades e estados, os quais trariam um rígida organização hierárquica, envolvendo todas as entidades Catimbozeiras, tais como caboclos da jurema e encantados, sob o comando de um ou até três Mestres.

"Cada aldeia tem 3 Mestres. Doze aldeias fazem um estado com 36 Mestres. No Estado ha cidades, serras, florestas, rios. Quantos são os estados? 7 segundo uns: Vajucá, Tigre, Cadindé, Urubá, Juremal, Fundo do Mar e Josafá. Ou cinco ensinam outros: Vajucá, Juremal, Tanema, Urubá e Josafá."




13 de Maio


Salve todos os Pretos Velhos e em especial a Pai Benedito de Aruanda!





Meu bondoso Preto-Velho!
Aqui estou de joelhos, agradecido contrito, aguardando sua benção.
Quantas vezes com a alma ferida, com o coração irado, com a mente entorpecida pela dor da injustiça eu clamava por vingança, e Tu, oculto lá no fundo do meu Eu, com bondade compassiva me sussurravas ESPERANÇA.
Quantas vezes desejei romper com a humanidade, enfrentar o mal com maldade, olho por olho, dente por dente, e Tu, escondido em minha mente, me dizias simplesmente:
” Sei que fere o coração a maldade e a traição, mas, responder com ofensas, não lhe trará a solução. Pára, pensa, medita e ofereça-lhe o perdão. Eu também sofri bastante, eu também fui humilhado, eu também me revoltei, também fui injustiçado.
Das savanas africanas, moço, forte, livre, num instante transformado em escravo acorrentado, nenhuma oportunidade eu tive. Uma revolta crescente me envolvia intensamente, por que algo me dizia, que eu nunca mais veria minha Aruanda de então, não ouviria a passarada, o bramir dos elefantes, o rugido do leão, minha raça de gigantes que tanto orgulho tivera, jazia despedaçada, nua, fria, acorrentada num infecto porão.
Um ódio intenso o meu peito atormentava, por que OIÀ não mandava uma grande tempestade? Que Xangô com seus raios partisse aquela nave amaldiçoada, que matasse aquela gente, que tão cruel se mostrara, que até minha pobre mãezinha, tão frágil, já tão velhinha, por maldade acorrentara. E Iemanjá, onde estava que nossa desgraça não via, nossa dor não sentia, o seu peito não sangrava? Seus ouvidos não ouviam a súplica que eu lhe fazia? Se Iemanjá ordenasse, o mar se abriria, as ondas nos envolveriam; ao meu povo ela daria a desejada esperança, e aos que nos escravizavam, a necessária vingança.
Porém, nada aconteceu, minha mãezinha não resistiu e morreu; seu corpo ao mar foi lançado, o meu povo amedrontado, no mercado foi vendido, uns pra cá, outros pra lá e, como gado, com ferro em brasa marcado.
Onde é que estava Ogum? Que aquela gente não vencia, onde estavam as suas armas, as suas lanças de guerra? Porém, nada acontecia, e a toda parte que olha, somente um coisa via… terra.
Terra que sempre exigia mais de nossos corpos suados, de nossos corpos cansados.
Era a senzala, era o tronco, o gato de sete rabos que nos arrancava o couro, era a lida, era a colheita que para nós era estafa, para o senhor era ouro.
Quantas vezes, depois que o sol se escondia, lá no fundo da senzala, com os mais velhos aprendia, que no nosso destino no fim não seria sempre assim, quantas vezes me disseram que Zambi olhava por mim.
Bem me lembro uma manhã, que o rancor era grande, vi sair da casa grande, a filha do meu patrão. Ingênua, desprotegida, meu pensamento voou: eis a hora da vingança, vou matar essa criança, vou vingar a minha gente, e se por isso morrer, sei que vou morrer contente.
E a pequena caminhava alegre, despreocupada, vinha em minha direção, como a fera aguarda a caça, eu esperava ansioso, minha hora era chegada. Eu trazia as mãos suadas, nesse momento odioso, meu coração disparava, vi o tronco, vi o chicote, vi meu povo sofrendo, apodrecendo, morrendo e nada mais vi então. Correndo como um possesso, agarrei-a por um braço e levantei-a do chão.
Porém, para minha surpresa, mal eu ergui a menina, uma serpente ferina, como se fora o próprio vento, fere o espaço, errando, por minha causa, o seu bote tão fatal; tudo ocorreu tão de repente, tudo foi de forma tal, que ali parado eu ficara, olhando a serpente que sumia no matagal.
Depois, com a criança em meus braços, olhei meus punhos de aço que a deviam matar… olhei seus lindos olhinhos que insistiam em me fitar. Fez-me um gesto de carinho, eu estava emocionado, não sabia o que falar, não sabia o que pensar.
Meus pensamentos estavam numa grande confusão, vi a corrente, o tronco, as minhas mãos que vingavam, vi o chicote, a serpente errando o bote… senti um aperto no coração, as minhas mãos calejadas pelo machado, pela enxada, minhas mãos não matariam, não haveria vingança, pois meu Deus não permitira que morresse essa criança.
Assim o tempo passou, de rapaz forte de antes, bem pouca coisa restou, até que um dia chegou e Benedito acabou…
Mas, do outro lado da morte eu encontrei nova vida, mais longa, muito mais forte, mais de amor e de perdão, os sofrimentos de outrora já não importam agora, por que nada foi em vão…


Hj dia 13 de maio de 2011 depois de muito tempo ainda existe muito preconceito com o povo negro são pessoas como qualquer outra, a cor não é nada.


Que o dia de hj seja lembrado como uma dia de quabra das correntes que tanto fez nossos ancestrais sofrer e que nos faz sofrer até hj por preconceitos bestas e sem fundamentos.


Kolofé Olorun!