3 de junho de 2011

Jurema da Raiz do Acais

Igreja de São João Batista


Com origem no Litoral da Paraíba, Rio grande do norte e o sertão de Pernambuco o Catimbó atualmente conhecido como Jurema Sagrada, teve seu fundamento em tempos imemoriais. Até mesmo antes da colonização já se existia dentro da religiosidade dos índios nativos o culto a uma árvore com propriedades psicoativas, fazendo partes de diversos ritos de comunicação com os antepassados e encantados de suas tribos através do transe. Uma forma de identificação deste culto é o Toré de caboclo.
De acordo com estudos, em Alhandra/PB existiram duas tribos indígenas. Os Tabajaras e os Potiguares, que por sua vez sofreram o processo de colonização através da catequização em suas tribos. Os povos Tabajaras se mostraram mais receptíveis à cultura europeia, já os Potiguares eram menos receptíveis e talvez isso explique, em partes, que ainda se encontre aldeias de Potiguares, enquanto os Tabajaras desapareceram sem deixar muitos vestígios.
Mesmo com a socialização e a catequização colonial em tribos indígenas existentes na cidade de Alhandra, os índios não deixaram de realizar seus cultos e costumes dentro da Jurema, mesmo sendo cristãos batizados pela igreja católica eles continuavam com as suas práticas religiosas.

Juremeiros em Alhandra na terras do Acais

Alhandra sempre despertou a atenção de muitos curiosos pelo seu misticismo e magia, atraídos pelos famosos ‘Mestres de Jurema’ muitas pessoas visitavam Alhandra buscando a realização de seus objetivos e males da vida. Mas com a repressão e a perseguição de policiais sob os ‘Mestres de Jurema’, fez com que os rituais fossem realizados as escondidas dentro de matas fechadas distante da cidade somente ao som dos maracás e com o canto entoado em voz baixa. Com isso ocasionou a perca de muitos fundamentos e costumes primórdios da Jurema, pode se dizer que até mesmo ensinamentos dentro do culto foram perdidos e não foram passados pelos mestres antigos por medo de terem seus herdeiros presos ou mortos por estarem cultuando a Jurema, tendo assim um distanciamento da crença deixada pelos índios. Conta-se que os Catimbozeiros como eram chamados os ‘Mestres de Jurema’ não tinham o direito de serem enterrados nos cemitérios da cidade, fazendo com que os corpos fossem enterrados dentro da mata onde se plantava um pé de Jurema pra marcar o local do sepultamento, neste mesmo local eram enterrados todos os seguidores do mestre que ali foi sepultado, colaborando no surgimento das chamadas “cidades da Jurema”, tais como: Cidade de Mestre Manoel Cadete, Cidade de Rosalina, Cidade de Maria do Acais, Cidade do mestre Adauto, Cidade do rei Heron, cidade dos Encantos (Tambaba) e Cidade das Águas Claras.

Tumulo de Mestre Flósculo que fica por no terreno atras da igrejinha da cidade

A cidade da Jurema mais conhecida é a do Acais, tendo como base a família dos Guimarães descendentes da ‘Mestre de Jurema’ Maria do Acais, uma respeitável senhora que exerceu a prática de vidente e conselheira de milhares de pessoas que assim a procuravam em busca de melhora para seus males da alma e do corpo. Nas práticas de Mãe Maria do Acais incluíam-se a ingestão do vinho da Jurema. De acordo com estudos feitos e com as histórias contadas pelos antigos da cidade, tudo teria começado com a índia Maria Gonçalves de Barros, conhecida por Maria Índia, na qual teria recebido das mãos do Imperador Dom Pedro II as terras do Acais, onde se fez moradia, e também a primeira casa de culto à Jurema onde teria dado inicio, então, ao uso da Jurema para curar os mais variados males. Como Maria Índia não teve filhos ela teve de deixar seus ensinamentos para sua sobrinha, Maria Eugênia Gonçalves Guimarães, que logo ficou famosa como ‘Mestre’ Maria do Acais. Que por consequentemente após sua morte deixou de herança seus ensinamentos ao filho, Flósculo Gonçalves Guimarães que deu continuidade ao culto sendo conhecido por ‘Mestre’ Flósculo.

3 comentários:

  1. Parabêns Danilo por essa grandiosa atitude de divulgação de nossa amada jurema santa e sagrada um forte abraço de todos do Quilombo Cultural Malunguinho,Desejo á você muita sorte e saúde no seus desbravamentos diante tamanho assunto e riquesa de nossa cultura,Salve a jurema sagrada!

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  2. Queria saber mais informações sobre o Mestre Zé Bebinho? Ele vem do Açaís também? Onde pela atenção.

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